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Brasil chega à menor média móvel de casos e óbitos por covid-19 desde novembro

O Brasil registrou nesta quarta-feira (8/9) 250 mortes por covid-19 nas últimas 24h, chegando a um total de 584.421 óbitos, de acordo com o boletim do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

A média móvel (média diária levando em conta as variações dos últimos sete dias), que vem em queda, foi a menor desde meados de novembro do ano passado: são 467 mortes diárias segundo essa contagem.

A média móvel de casos também foi a menor desde 10 de novembro: 17.685 novos registros da doença. O total de casos no país chegou oficialmente a 20.928.008.

De acordo com o painel da Universidade Johns Hopkins, os Estados Unidos lideram em número de casos no mundo, com mais de 40 milhões infecções registradas. Lá, a redução no ritmo de vacinação, a partir de abril, somada à resistência de parte da população à vacina e o avanço da variante Delta, criou focos de transmissão do coronavírus em partes do país.

  • Ilustração da estrutura do coronavírus
  • Israelis without masks
  • Médica usando máscara de proteção
  • corredor de hospital em Cuba

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Estados Unidos, Índia e Brasil têm números muito superiores ao restante do mundo.

Em relação às mortes, o Brasil permanece na segunda posição, atrás apenas dos Estados Unidos, que acumulam 652 mil óbitos.

O Brasil encontra-se num estágio bem singular desde que a pandemia começou.

Por um lado, a vacinação avança e a média móvel em sete dias de novos diagnósticos e mortes está em queda constante.

Por outro, a transmissão comunitária do vírus segue alta em várias regiões, enquanto as variantes de preocupação, especialmente a Delta, que é muito mais transmissível do que a versão original do coronavírus, circulam livremente entre nós.

Mas o que todas essas observações podem significar para o futuro da pandemia no Brasil?

O copo meio cheio

Após um primeiro semestre com um ritmo muito aquém de nossas capacidades, a campanha brasileira de vacinação contra a covid-19 finalmente deslanchou em julho — e agosto foi um mês com intenso avanço nessa seara, o que tem se mantido, de modo geral, em setembro.

De acordo com o painel do Ministério da Saúde, mais de 135,3 milhões de brasileiros receberam a primeira dose.

Cruzes em protesto em Brasília contra mortes pelo coronavírus
Legenda da foto,Brasil é um dos países com maior quantidade de casos e mortes por covid-19

E 67,9 milhões de pessoas tomaram a segunda dose (ou a vacina da Janssen, que exige apenas uma aplicação).

E essa aceleração também pode ser vista no número de doses aplicadas a cada 24 horas: entre junho e julho, a maioria dos dias úteis superou a meta de 1 milhão de imunizantes injetados nos braços dos brasileiros.

Na maioria dos Estados, a campanha agora avança para a faixa etária dos 20 anos. Isso significa que aquela promessa, feita em julho por prefeitos e governadores, de vacinar toda a população adulta até setembro pode ser cumprida.

A partir daí, será essencial garantir a segunda dose a todo mundo que recebeu a primeira.

Outro desafio que aparece no horizonte é como incluir crianças e adolescentes na campanha e também a necessidade de reforços, especialmente para aqueles que tomaram a vacina no início do ano, como os idosos e os profissionais de saúde.

O copo meio vazio

Embora as notícias tragam esperança, elas vêm acompanhadas de outros fatos que ainda são motivos de grande preocupação.

Um deles vem do Boletim InfoGripe, publicado em 26 de agosto por especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), apontando que a queda em casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG, bastante associada ao vírus da covid-19) se interrompeu e que há sinais de a doença voltar a crescer em diversos Estados.

Por conta disso, o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe, pediu no boletim “cautela em relação a medidas de flexibilização das recomendações de distanciamento para a redução da transmissão da covid-19 enquanto a tendência de queda não tiver sido mantida por tempo suficiente para que o número de novos casos atinja valores significativamente baixos”.

Além disso, a circulação viral continua num nível considerado alto ou epidêmico em todas as capitais do país, situação que manterá “o número de hospitalizações e óbitos em patamares altos caso não haja nova mobilização por parte de autoridades e população”.

Homens enterram vítima de covid-19 em Manaus

Há ainda uma inquietude crescente com os idosos: outro estudo da Fiocruz observou um aumento no número de internações por SRAG em indivíduos com mais de 80 anos no Estado do Rio de Janeiro. Essa elevação, porém, ainda não se traduziu em mais mortes nessa faixa etária.

Entre as possíveis explicações para o fenômeno, destacam-se o aumento do descuido com as medidas preventivas (como o uso de máscaras e o distanciamento físico) e uma eventual diminuição da eficácia das vacinas com o passar do tempo, embora tudo indica que elas continuam a ter a capacidade de proteger contra os óbitos. Mas todas essas especulações ainda precisam ser confirmadas pela ciência, e já se aplica uma terceira dose de reforço em parte da população em algumas cidades do país.

O terceiro ponto que chama a atenção é a presença das variantes mais agressivas, especialmente a Delta, detectada originalmente na Índia, que possui uma taxa de transmissibilidade bem superior às demais versões do coronavírus.

Representantes de vários Estados e municípios já admitem que ela circula livremente em seus territórios e parece estar em franco crescimento, deixando outras linhagens, como a Gama (a antiga P.1), para trás.

Se a Delta repetir por aqui o estrago que ela provocou em outros lugares, podemos esperar, infelizmente, um novo aumento no número de casos e mortes caso não sejam colocadas em prática algumas medidas básicas de contenção.

Kelvia Andrea Goncalves, 16, é amparada pela tia, Vanderleia dos Reis Brasao, 37, durante enterro da mãe, Andrea dos Reis Brasao, 39, no cemitério Parque Taruma em Manaus, Brasil
Legenda da foto,Brasil é o segundo país em número de mortes pela covid, só perdendo para os Estados Unidos

Foi isso que ocorreu em países que já tinham planos bem encaminhados de reabertura, como Reino Unido, Estados Unidos e Israel, e em outros que eram exemplos de sucesso na condução da pandemia até agora e viram a situação piorar nas últimas semanas, caso de Vietnã e Indonésia.

Por fim, não dá pra ignorar o fato de as estatísticas, ainda que estejam em queda, permanecerem muito altas: falamos de médias de mais de 170 mil novos casos diagnosticados e 400 mortes todos os dias.

O que deve ser feito agora?

Diante de um cenário recheado de incertezas sobre o futuro, os especialistas parecem não ter dúvidas sobre quais medidas seriam necessárias neste momento da pandemia no Brasil — algumas delas, inclusive, sequer foram implementadas ao longo dos últimos meses.

O momento pode representar, então, uma oportunidade de reduzir pra valer os números de casos e mortes e ver a situação melhorar de verdade.

Porém, se nada for feito e os indícios das últimas semanas forem interpretados com extremo otimismo, o panorama brasileiro acaba se transformando numa ameaça, em que os poucos avanços serão logo superados por novos recordes e uma terceira onda que se arrastará pelo segundo semestre de 2021.

Para começo de conversa, o país deveria ter um melhor controle de suas fronteiras, com testagem de passageiros e funcionários em aeroportos, portos e rodovias. Isso dificultaria, inclusive, a entrada de novas variantes de preocupação em nosso território.

O segundo passo seria lançar mão de um amplo programa de testagem, rastreamento de contatos e isolamento dos casos positivos. Políticas desse tipo explicam parte do sucesso que é observado em países como Austrália e Nova Zelândia. Afinal, ao detectar precocemente um paciente infectado e colocá-lo em quarentena, é possível quebrar as cadeias de transmissão do coronavírus na comunidade.

Ainda na seara das análises laboratoriais, o país também requer uma vigilância genômica mais ampla, capaz de fazer sequenciamento genético das amostras de pacientes infectados para saber quais são as variantes mais prevalentes em cada local.

Também precisávamos criar campanhas de comunicação para incentivar o uso de máscaras (especialmente modelos mais confiáveis, como a PFF2) e desencorajar as aglomerações.

Por fim, é vital manter, ou eventualmente até acelerar, o ritmo da campanha de imunização. Quanto mais brasileiros estiverem protegidos, melhor para todo mundo: a experiência de outros países aponta que as internações e as mortes por covid-19 caem de forma significativa quando uma porcentagem considerável da população recebeu as duas doses.

Esse conjunto de estratégias aponta para uma saída segura e efetiva da pandemia — e tem o potencial de evitar que os 20 milhões de casos sejam ultrapassados por novas marcas tristes e negativas num futuro próximo.

Coronavírusdados detalhados

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*Mortes a cada 100 mil pessoasFiltro:                 Mundo                 África                 América do Norte                 América Latina e Caribe                 Ásia                 Europa                 Oriente Médio                 Oceania             

MortesMortalidade*Total de casosNovos casos010100Mil10 mil**
Estados Unidos645.338197,339.753.397JAN/2020SET/2021
Brasil583.628278,620.890.779
Índia440.75232,633.027.621
México263.140208,53.428.384
Peru198.488620,52.155.034
Rússia183.896126,26.912.375
Indonésia135.86150,84.129.020
Reino Unido133.229198,46.978.126
Itália129.515213,64.571.440
Colômbia125.278252,34.918.649
França114.896176,86.836.452
Argentina112.511253,65.203.802
Irã110.674135,35.129.407
Alemanha92.360111,14.013.808
Espanha84.795181,64.877.755
África do Sul83.419144,32.819.945
Polônia75.379198,82.890.484
Ucrânia57.305129,52.398.531
Turquia57.00069,26.412.247
Chile37.090198,01.641.091
Romênia34.689177,81.106.008
Filipinas34.23432,12.080.984
Equador32.351189,4503.767
República Tcheca30.406285,11.680.697
Hungria30.070309,8813.688
Canadá27.07273,01.522.625
Bangladesh26.56316,51.514.456
Paquistão26.23212,41.182.918
Bélgica25.397221,21.192.008
Tunísia23.817205,9674.047
Iraque21.10054,91.917.292
Bulgária19.115271,1462.033
Bolívia18.512163,1492.680
Malásia18.21957,81.844.835
Holanda18.054105,81.956.070
Portugal17.798173,51.047.047
Egito16.78917,1290.027
Japão16.36912,91.575.500
Mianmar15.89129,6415.416
Paraguai15.889228,4458.844
Suécia14.692147,31.130.525
Grécia13.886132,0599.951
Cazaquistão13.73275,0888.188
Vietnã13.07413,7524.307
Marrocos13.07336,3884.085
Tailândia12.85518,51.280.534
Eslováquia12.549230,1396.080
Guatemala12.26571,1487.898
Suíça11.011129,2785.696
Nepal10.83838,6769.271
Áustria10.793121,4696.905
Jordânia10.471105,1801.288
Sri Lanka10.14047,8462.767
Bósnia-Herzegóvina9.862296,7216.124
Honduras9.02394,1343.807
Arábia Saudita8.57925,5545.243
Croácia8.370201,4377.838
Líbano8.101118,1607.400
Geórgia7.806195,0564.837
Sérvia7.379105,7779.723
Israel7.20586,01.117.596
Afeganistão7.12719,2153.375
Panamá7.086169,6459.844
Moldávia6.436158,8270.219
Macedônia do Norte6.065291,2180.045
Uruguai6.034174,9385.660
Azerbaijão5.84258,7442.872
Cuba5.70350,3689.674
Costa Rica5.568111,4472.315
Argélia5.42012,8198.004
Irlanda5.112106,1356.819
Armênia4.911166,4245.025
China4.8480,3107.212
Quênia4.7869,3240.172
Etiópia4.7634,4314.984
Lituânia4.612164,6302.979
Zimbábue4.48231,0125.550
Eslovênia4.455214,4270.307
Líbia4.32364,7315.418
Venezuela4.09814,2340.187
Omã4.07584,4302.668
República Dominicana4.01237,8351.738
Bielorússia3.83740,6490.926
Territórios Palestinos3.72776,6353.732
Zâmbia3.61620,8207.114
Namíbia3.412139,4125.610
Uganda3.0457,1120.581
El Salvador2.96946,296.067
Sudão2.8376,837.886
Kosovo2.629142,5152.169
Dinamarca2.59045,0348.979
Letônia2.585134,0144.518
Quirguistão2.55440,5176.582
Nigéria2.5521,3195.511
Albânia2.51587,2150.997
Kuwait2.42458,6410.342
Coreia do Sul2.3274,5261.778
Botsuana2.276101,0159.317
Malauí2.21012,260.821
Emirados Árabes Unidos2.04621,2723.263
Síria2.03912,028.543
Camboja1.97012,195.828
Moçambique1.8786,4147.923
Senegal1.80311,473.188
Montenegro1.757279,9118.104
Jamaica1.61955,271.344
Iêmen1.5235,38.108
Bahrein1.38888,4273.008
Camarões1.3575,484.210
Trinidade e Tobago1.33095,745.714
Estônia1.30198,3143.788
Angola1.2704,148.656
Eswatini1.145100,844.176
Ruanda1.1249,189.768
Uzbequistão1.1203,4160.511
República Democrática do Congo1.0611,355.307
Gana1.0523,5120.452
Austrália1.0444,263.154
Finlândia1.03918,8130.102
Somália1.0026,717.832
Mongólia96830,5236.079
Madagascar9573,642.884
Taiwan8373,516.019
Luxemburgo830137,476.102
Noruega82215,4167.265
Suriname738128,130.855
Mauritânia73316,634.204
Guiana64182,326.510
Catar60221,6233.567
Haiti5865,320.977
Mali5422,814.939
Chipre51559,6115.046
Fiji50857,547.865
Guadalupe508127,045.393
Polinésia Francesa480172,940.178
Martinica477127,037.985
Costa do Marfim4671,956.855
Malta444101,136.475
Bahamas412106,818.694
Lesoto40319,114.395
Belize36394,816.750
Guiné3522,829.842
Ilha Reunião34238,850.346
Gâmbia32314,29.736
Cabo Verde31557,935.928
Libéria2455,15.727
Maldivas22643,881.979
Guiana Francesa22077,835.309
Nicarágua2003,111.735
Níger1990,95.882
Togo1962,522.562
Papua Nova Guiné1922,217.926
Congo1833,513.588
Mayotte17567,419.875
Chade1741,14.996
Burkina Fasso1710,913.841
Gabão1677,926.079
Djibuti15716,411.777
Aruba150141,714.812
Curaçao14991,515.470
Comores14717,74.086
Benin1351,216.946
Andorra130168,815.055
Guiné Equatorial1289,89.760
Tadjiquistão1251,417.313
Serra Leoa1211,66.374
Guiné-Bissau1216,55.902
Sudão do Sul1201,111.500
Santa Lúcia11663,89.149
Seicheles103106,120.230
República Centro-Africana1002,111.296
Gibraltar97287,75.388
Ilhas do Canal da Mancha9555,710.738
San Marino90266,45.345
Timor Leste806,317.618
Liechtenstein59155,63.322
Ilha de São Martinho (parte francesa)57153,03.824
Cingapura551,068.660
Barbados5117,85.349
Tanzânia500,11.367
Antigua e Barbuda4647,81.870
Burundi380,312.585
Ilha de Man3845,26.832
Eritreia381,16.648
São Tomé e Príncipe3717,52.683
Ilhas Virgens Britânicas37124,22.640
Bermuda3454,23.048
Islândia339,811.032
Mônaco3385,33.234
Maurício312,411.181
Nova Zelândia270,63.793
Ilhas Turks e Caicos2053,12.697
Laos160,215.933
Cruzeiro Diamond Princess13712
Brunei122,83.093
São Vicente e Granadinas1210,92.371
Granada54,51.238
Dominica45,61.832
São Cristóvão e Nevis47,61.148
Butão30,42.596
Ilhas Faroe24,11.015
Ilhas Cayman23,1690
Cruzeiro MS Zaandam29
São Bartolomeu110,21.592
Montserrat120,031
Vanuatu10,34
Groenlândia00,0353
Anguilla00,0279
Nova Caledônia00,0136
Ilhas Malvinas ou Falkland00,067
Saint-Pierre e Miquelon00,031
Vaticano00,027
Ilhas Salomão00,020
Ilhas Marshall00,04
Samoa00,03
Kiribati00,02
Palau00,02
Micronésia00,01

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A apresentação usa dados periódicos da Universidade Johns Hopkins e pode não refletir as informações mais atualizadas de cada país.

** Os dados históricos de novos casos são uma média de três dias seguidos. Devido à revisão do número de casos, a média não pode ser calculada nesta data.

Fonte: Universidade Johns Hopkins (Baltimore, EUA), autoridades locais

Dados atualizados pela última vez em: 6 de setembro de 2021 08:28 GMT

Pandemia

O primeiro registro do coronavírus no Brasil foi em 26 de fevereiro do ano passado. Um empresário de 61 anos de São Paulo (SP) foi infectado após retornar de uma viagem, entre 9 e 21 de fevereiro, à região italiana da Lombardia.

O novo coronavírus, que teve seus primeiros casos confirmados vindos da China no final de 2019, é tratado como pandemia pela OMS desde 11 de março.

Estudos apontam que a grande maioria dos casos do novo coronavírus apresenta sintomas leves e pode ser tratado nos postos de saúde ou em casa.

No entanto, novas variantes têm se mostrado mais contagiosas e, na percepção de médicos, têm afetado com mais gravidade também a população mais jovem, em vez de apenas idosos e pessoas com comorbidades.

BBC BRASIL

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