No domingo (20), um bazar vai ser realizado para vender os produtos feitos pelas pacientes e voluntárias. Renda será destinada ao Hospital de Clínicas (HC).
Um projeto tem levado artesanato para as pacientes do setor de mamografia do Hospital de Clínicas (HC) de Curitiba. A ideia é aliviar a angústia sentida por essas mulheres tanto antes quanto depois do exame.
A iniciativa envolve três voluntárias fixas e a idealizadora do “Tecendo Solidariedade”, a médica radiologista especialista em câncer de mama Maria Helena Louveira.
Em 2018, conforme os dados da Secretaria Estadual de Saúde do Paraná, o câncer de mama passou a fazer parte da vida de 2.816 pessoas. Desse total, 2.782 são mulheres e 34 são homens.
‘Cantinho do Artesanato’
Na recepção do ambulatório, foi montado o “Cantinho do Artesanato”: uma mesa redonda, cadeiras e o material utilizado para a confecção de crochê e fuxicos compõem o cenário. Ali, as pacientes são convidadas a participarem do projeto.
“O resultado que nós vemos é muito legal, porque elas entram muito mais tranquilas para serem submetidas ao procedimento. Então, fazem o exame de uma forma mais tranquila e depois voltam e retomam o artesanato até irem embora. Às vezes, demora até o fim do dia para que elas consigam pegar o ônibus de volta”, afirmou a médica.
De acordo com a especialista, 30 pacientes passam no ambulatório diariamente. Algumas são de outras cidades do Paraná e vão a Curitiba passar o dia no HC para os exames. Cleonice Gonçalves, de 59 anos, é uma dessas pacientes.
Cleonice Gonçalves mora em Londrina e foi até Curitiba para fazer uma biópsia no Hospital de Clínicas. — Foto: Giuliano Gomes/PR Press.
De janeiro a agosto deste ano, de acordo com o HC, a média mensal foi de 400 pacientes com câncer de mama realizando algum procedimento no hospital.
À espera da biópsia
Cleonice mora em Londrina, no norte do estado, e viajou até a capital para fazer uma biópsia. Com o resultado em mãos, ela vai saber se tem câncer de mama e qual será o tratamento necessário. O artesanato ajudou Cleonice a ficar mais calma.
“Nem sabia que tinha [o Cantinho do Artesanato]. Me convidaram e foi muito bom. Saí muito nervosa lá de dentro [da sala onde fez o exame]. Me acalmou bastante”, contou.
Foi a primeira vez que Cleonice fez artesanato. Ela gostou tanto que garantiu que vai fazer do crochê e do fuxico um novo passatempo. Não só isso – Cleonice quer ajudar o grupo do projeto e se comprometeu a levar peças a Curitiba, quando voltar para o próximo atendimento.
“Não fazia nada em casa, mas agora vou começar a fazer para ajudar eles aqui. Vou fazer e trazer no dia da consulta para ajudar. Vai ser muito bom”, disse.
Prática do artesanato ajuda mulheres que passam pelo ambulatório do setor de mama do HC a ficarem mais tranquilas. — Foto: Giuliano Gomes/ PR Press.
1º exame
Elza Gonçalves, de 66 anos, é da capital mesmo. Nesta sexta-feira (18), foi até o HC fazer a 1ª mamografia depois de ter terminado o tratamento que fez contra o câncer de mama.
Ela passou por quimio e radioterapia e por uma cirurgia. Agora, faz o acompanhamento.
“Vim fazer mamografia. Hoje eu estava com muito medo de fazer, porque foi a 1ª depois da cirurgia. Então, estava com muito medo de fazer, mas fazendo aqui [o artesanato], me distraí e acabou o medo”, afirmou Elza.
Elza do Nascimento fez nesta sexta-feira (18) a primeira mamografia depois de ter passado por cirurgia; ela diz que estava com medo, mas que o artesanato ajudou. — Foto: Giuliano Gomes/ PR Press.
Voluntária
Maria Helena Corrêa de Sá é uma das voluntárias do “Tecendo Solidariedade”. O artesanato está presente em toda a vida dela: “É minha terapia”.
“É muito gratificante você ver o bem-estar da paciente, dar um pouquinho mais de tranquilidade para elas. Elas ficam muito apreensivas com o diagnóstico. Então, a gente tenta com um pouco de crochê e de fuxico distrair um pouquinho. Elas entram bem mais tranquilas na sala de exame, e isso é muito confortante pra gente também”, disse a voluntária.
‘É muito gratificante’, afirma Maria Helena Correa de Sá, voluntária do Tecendo Solidariedade. — Foto: Giuliano Gomes/PR Press.
O bazar
O projeto existe desde abril do ano passado e, pela primeira vez, vai ser feito um bazar para vender os artesanatos feitos pelas pacientes e voluntárias.
Os preços dos produtos variam entre R$ 10 e R$ 350, de acordo com a médica responsável pelo “Tecendo Solidariedade”.
“Estamos trabalhando muito para que esse bazar realmente seja um sucesso, para que a gente possa mostrar que realmente o artesanato tem um valor terapêutico para as pacientes e pode ser estimulado em outras instituições também”, afirmou a médica.
O bazar vai ocorrer no domingo (20), das 10h às 15h, no Palácio Garibaldi. O palácio fica na Praça Garibaldi, nº 12 , no bairro São Francisco. A entrada é gratuita.
Primeiro bazar do Tecendo Solidariedade acontece neste domingo (20); renda será destinada ao HC. — Foto: Giuliano Gomes/PR Press.
O câncer de mama no Paraná
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), do Ministério da Saúde, 1.285 mulheres tiveram câncer de mama no estado entre janeiro e 30 de agosto deste ano.
Há também registro de homens com a doença, mas em um quantidade bem menor: foram 16 casos. Ao todo, 1.301 pacientes tiveram ou estão em tratamento contra o câncer de mama no Paraná.
O câncer de mama é segundo tipo que mais acomete brasileiras e, conforme o Inca, representa cerca de 25% de todos os cânceres que atingem as mulheres.
Dados no Inca apontam que, para o Brasil, foram estimados 59.700 casos novos de câncer de mama ao longo de 2019, com risco estimado de 56 casos a cada 100 mil mulheres.
Iniciativa do projeto foi da médica radiologista Maria Helena Louveira. — Foto: Giuliano Gomes/PR Press.
Outubro Rosa
A campanha “Outubro Rosa” é realizada anualmente pelo Inca e pelo Ministério da Saúde, com o objetivo conscientizar as mulheres sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce.
Em 2019, o “Outubro Rosa” reforça três pilares estratégicos no controle da doença. São eles: prevenção primária, detecção precoce e mamografia.
O tema da campanha neste ano é “Cada corpo tem uma história. O cuidado com as mamas faz parte dela”.
É comum que as mulheres atendidas no ambulatório do HC levem os materiais para casa para continuar praticando o artesanato. — Foto: Giuliano Gomes/PR Press.
G1PR