quinta-feira, abril 25, 2024

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Mulheres agricultoras cultivam oásis orgânico na periferia de São Paulo

Na zona leste de São Paulo, elas plantam, colhem e cozinham para eventos, tudo em harmonia com a natureza e com sua própria história.

Da imensidão de concreto dos processos de urbanização da cidade, brota em plena São Miguel Paulista, bairro União Vila Nova, zona leste de São Paulo, um verde que alimenta, gera renda, conecta trabalho com história de vida e mostra o potencial de realização quando um grupo de mulheres une forças em prol de uma ação coletiva.

O espaço é o Viveiro Escola, e as protagonistas dessa história são as Mulheres do GAU – Grupo de Agricultoras Urbanas, que além de fazerem a manutenção do Viveiro a partir de referências da permacultura através do plantio, cultivo, colheita e manejo agroflorestal, desenvolvem produtos alimentícios com base na culinária orgânica (abrangendo também a culinária vegana), servindo cafés e almoços em eventos em diversos locais da cidade e em atividades comunitárias.

O espaço onde elas estão faz parte de um projeto desenvolvido na região pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), desde 2002. A área de 2500m2 foi cedida como resposta a uma demanda da comunidade durante o processo de urbanização. Hoje, são cultivadas ali diversas frutas, verduras, hortaliças e flores sem nenhum veneno ou composto químico. Parte da produção é dedicada ao cultivo orgânico de PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais), que além de serem muito saudáveis, resgatam a cultura dessas mulheres e de seus antepassados.

Há alguns anos, o terreno era apenas um depósito de entulho. A CDHU retirou os entulhos, mas a recuperação do solo ficou por conta das mãos das primeiras mulheres que chegaram ali e que continuam até hoje trabalhando nas infinitas possibilidades de uso coletivo do espaço.

“A gente trabalhou muito nesse chão pra ficar bonito como tá hoje, foi muito suor derramado, muita luta dessas mulheres guerreiras, sendo que muitas delas tinham e ainda têm a responsabilidade de sustentar sozinha a casa e os filhos. Mas tudo sempre foi feito na base do amor”, conta Helena Caroba, uma das primeiras a chegar ali e a colocar a mão na terra para transformar a paisagem onde mora. 

Quando alguém chega no Viveiro, depara-se com um mundo de realizações. Além do plantio em sistema agroflorestal, tem a cozinha onde as mulheres do GAU elaboram seus pratos para servir em eventos, tem atividades de educação ambiental, água da bica utilizada na irrigação, compostagem, sistema de coleta de água da chuva, tem empatia, esperança, fôlego para continuar enfrentando as dificuldades da vida em parceria e, além de tudo isso, o mais recente sonho, a vontade de montar um berçário próprio de sementes.

“Quando eu cheguei aqui nessa região, não tinha uma árvore sequer. E hoje, eu ando pelas ruas e elas já até me passaram”, diz Vilma Martins, referindo-se ao quanto as árvores cresceram desde que começou o trabalho de arborização do bairro.

CicloVivo



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