Quem ligar para o 192 e solicitar o atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em Matinhos será orientado a se dirigir a um pronto-socorro por conta própria, sem o suporte de uma equipe de resgate. Isso porque a cidade está sem ambulâncias para esse tipo de serviço.
A falta de estrutura no atendimento pré-hospitalar se agravou com o fim da operação Verão Maior. Após a saída da infraestrutura alocada pelo Governo do Estado, a Prefeitura não está dando conta de manter a frota de veículos em operação.
Fontes ouvidas pelo JB Litoral afirmam que o problema se arrasta desde setembro do ano passado, quando a ambulância do Samu baseada em Matinhos foi tirada de circulação por problemas mecânicos. Para manter o serviço, o Consórcio Intermunicipal de Saúde do Litoral do Paraná (Cislipa) emprestou ao município uma viatura reserva, pertencente a Paranaguá.
O veículo rodou até dezembro, quando também saiu de operação por problemas mecânicos. De acordo com o Cislipa, a ambulância emprestada voltou a operar no mesmo mês e seguiu rodando até março, quando estragou novamente.
No auge da temporada de verão, a Prefeitura de Curitiba também cedeu ambulâncias para Matinhos. Embora elas estivessem caracterizadas como do Samu, a administração municipal optou por retirar a plotagem original e colocá-las em operação apenas para transporte de pacientes entre a UPA e o Hospital.
VEREADORA RELATA ÓBITO
A crise no Samu de Matinhos também foi abordada na sessão da Câmara Municipal nesta semana. A vereadora Hirman da Saúde (PODE) cobrou o prefeito Eduardo Dalmora (PL) para que tome uma atitude em caráter emergencial, tendo em vista que a falta do atendimento pré-hospitalar pode ter contribuído para um óbito na cidade.
“Uma pessoa foi a óbito devido a não ter uma ambulância adequada para ir [fazer o resgate]. A ambulância do hospital não pode ir buscar. O motorista não está habilitado e treinado para fazer esse resgate”, disse a vereadora, alertando que esse tipo de atendimento seria realizado pelo Samu.
Em tom de desabafo, a vereadora fez um apelo. “Estou aqui em nome da população pedindo socorro ao senhor prefeito Eduardo Dalmora, para que [resolva esse problema] o mais rápido possível. Porque pode ser que amanhã a minha mãe precise do Samu. Eu, sendo técnica de enfermagem, não poderei socorrer ela sem uma ambulância adequada”, enfatizou Hirmana da Saúde.
PAI ESTÁ ON
Embora o atendimento do Samu seja feito com equipes contratadas pelo Consórcio Intermunicipal de Saúde do Litoral do Paraná (Cislipa), a responsabilidade pela disponibilização da viatura e manutenção da base é da Prefeitura.
Procurada pela reportagem do JB Litoral, a gestão do prefeito Eduardo Dalmora (PL) não respondeu aos questionamentos. Em live nas redes sociais, na última semana, o prefeito alegou que o município acumula mais de R$ 30 milhões em dívidas herdadas da gestão anterior.
Estima-se que pelo menos R$ 2 milhões desta dívida é justamente com o Cislipa, responsável pela gestão das equipes e pela regulação do Samu no Litoral. A comunicação do Cislipa confirmou que a Prefeitura de Matinhos tem dívidas com o consórcio, mas não soube informar o valor exato.
No entanto, nas redes sociais, o prefeito divulgou no mês passado que conseguiu mais uma ambulância para Matinhos com recursos do Governo do Estado. “Recebemos mais uma ambulância. Não é por falta de ambulância que Matinhos terá problemas. Recebemos mais uma ambulância zerada. Estamos fazendo a diferença. Estamos subindo um degrau de cada vez, mas estamos chegando lá”. Dalmora ainda termina o vídeo com o bordão “O pai está on”.
SAMU LITORAL RECEBE VIATURAS DO GOVERNO FEDERAL
Enquanto Matinhos sofre com falta de ambulâncias, as cidades de Paranaguá e Morretes estão sendo contempladas com duas novas viaturas do Samu. A entrega faz parte de um lote de 143 ambulâncias, adquiridas pelo Governo Federal, que chegarão ao Paraná para renovar e ampliar a frota do Samu no estado.
Com informações do JB Litoral