terça-feira, abril 23, 2024

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Acusação afirma que testemunhas contradizem versão dos réus

O advogado Nilton Ribeiro, que representa a família do ex-jogador Daniel Corrêa Freitas, afirma que testemunhas indicadas pela defesa contradizem as versões apresentadas pelos próprios réus.

O assistente de acusação questionou a tentativa de inocentar Eduardo da Silva, Ygor King e David William da Silva da imputação de homicídio por meio cruel. Junto ao empresário Edison Brittes – assassino confesso do ex-atleta – o trio responde pelo crime de homicídio triplamente qualificado: motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima.

Mais cedo, ainda durante a tarde desta terça-feira (02), a 32.ª testemunha de defesa – o médico Carlos Beltrame, indicado pela defesa de Eduardo da Silva – apresentou uma perícia particular. “Os laudos são inconclusivos e não dá para precisar de mais de uma pessoa carregou o carpo do jogador Daniel”, apontou o legista.

O advogado, em entrevista coletiva, rebateu: “na delegacia os acusados dizem que foram vários cortes e que, me perdoem a expressão, a vítima ‘grunhia como um porco’. Se ele esboçava essa reação é porque ele estava vivo. Outro disse que Daniel estava se engasgando com o próprio sangue”, apontou o criminalista, defendendo a tese de que o homicídio aconteceu por meio cruel.

Mais cedo, a 31.ª testemunha – o perito Andrew Louiz Gonçalves Duso, também indicado pela defesa de Eduardo – argumentou que, no carro, só foram encontradas manchas de sangue no bagageiro, no painel do carro e no banco do motorista. O fato isentaria Eduardo das agressões porque o acusado estava sentado no bando de trás.

“A defesa deles se agarra na hipótese de que não existem provas de que o corpo foi arrastado. Mas não é só isso que comprova [a participação no crime]. Quando uma pessoa adere subjetivamente à conduta de uma terceira pessoa, ela está em coautoria. Os quatro (Edison, Eduardo, Ygor e David) praticaram o núcleo do ‘tipo’, ou seja: matar. Um aderiu a conduta do outro, todos sabiam o que estava acontecendo. De alguma forma, um aderiu a conduta do outro, não necessariamente arrastando o corpo”, rebateu Nilton Ribeiro.

Ao todo, nesta terça-feira (02), foram ouvidas 11 testemunhas de defesa – seis depoimentos pela manhã e cinco durante a tarde. Somadas às 25 testemunhas de segunda-feira (1º), 36 pessoas já foram ouvidas. Até sexta-feira (05), a juíza Luciani Regina Martins de Paula, da 1ª Vara Criminal de São José dos Pinhais, deverá tomar cerca de 75 depoimentos.

Defesa explora comportamento de Daniel

A defesa da família Brittes voltou atrás e decidiu falar com a imprensa ao término do segundo dia com testemunhas de defesa. Inicialmente, a assessoria do advogado Cláudio Dalledone afirmava que o criminalista só falaria na sexta-feira (05), quando esta etapa da instrução penal deve ser encerrada.

Dalledone fez críticas às investigações e ao comportamento do ex-jogador: “Deixou-se de ouvir [durante as investigações] muita gente, pessoas importantes que estiveram na casa e foram simplesmente desprezadas pela autoridade policial. Pessoas que estiveram lá [na festa] viram que a casa estava salvaguardada – a parte íntima da casa – e que Daniel invadiu essa parte da casa, assim como invadiu o quarto, deitou na cama e importunou sexualmente a Cristiana”, disparou.

O caso

Sete pessoas são acusadas pela morte do ex-jogador Daniel Corrêa Freitas, registrada no dia 27 de outubro do ano passado, em São José dos Pinhais. O homicídio aconteceu após a festa de aniversários de Allana Brittes, filha de Edison Brittes. O empresário confessou ter matado o ex-jogador. Segundo ele, Daniel teria tentado estuprar sua esposa, Cristiana Brittes. As investigações não comprovam essa afirmação.

Edison Brittes é acusado de homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual, coação de testemunha e corrupção de menor. Três jovens também foram denunciados pela participação direta na execução: Eduardo da Silva, Ygor King e David William da Silva.

Cristiana Brittes responde por homicídio, coação de testemunhas, fraude processual e corrupção de menor; Allana Brittes responde pelos mesmos crimes, exceto homicídio.

Evellyn Peruso responde por denunciação caluniosa e falso testemunha. Entre os sete réus, ela é a única a responder em liberdade.

O processo

A ação corre na 1ª Vara Criminal de São José dos Pinhais. O processo é conduzido pela juíza Luciani Regina Martins de Paula. Ela já ouviu as testemunhas de acusação e começou a ouvir nesta segunda-feira as testemunhas de defesa.

Essa segunda etapa da instrução processual deve terminar até sexta-feira (5). Depois disso, os réus serão interrogados. Depois de colher todos os depoimentos e analisar as alegações finais de acusação e defesa, a juíza decidirá se os réus irão, ou não, a júri popular.

Colaboração Mateus Bossoni, William Bittar, Bruna Froehner e Angelo Sfair

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