sábado, maio 17, 2025

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Do sonho à realidade: Como as costureiras de Pontal do Paraná moldam o futuro escolar

É pelas mãos das costureiras do Provopar de Pontal do Paraná, que milhares de alunos da rede municipal de ensino vestem os uniformes confeccionados por meio do projeto “Costurando Sonhos”. A iniciativa não só gera economia para o município, como também transforma a vida de mulheres que encontraram na costura muito mais do que uma ocupação: encontraram dignidade.

Ionara Lima, natural de Fazenda Rio Grande, reside há três anos em Pontal do Paraná. Foi ao receber um convite para conhecer o projeto que ela se redescobriu profissionalmente e, hoje, orgulha-se de sua trajetória confeccionando os uniformes escolares da cidade. “Eu já costurava. Fiz dois tapetes para mostrarem meu trabalho e, a partir disso, recebi o convite para iniciar as vendas na loja do Provopar. Antes dividia meu tempo entre as diárias e a costura. Hoje, me dedico exclusivamente à confecção”, relatou Ionara.

Mesmo trabalhando em casa, ela atende à demanda do Provopar e ainda consegue uma renda extra. Seu maior desejo é adquirir máquinas maiores para ampliar a produção, e consequentemente, a renda.
“Meu sonho é comprar uma máquina industrial. Com o dinheiro que estou ganhando, já comecei a fazer algumas melhorias no meu ateliê, e espero em breve produzir um volume maior de peças”, comentou.

Na sede do Provopar, outras 26 mulheres se revezam para manter a produção dos uniformes escolares. São calças, bermudas, camisetas e agasalhos, tudo feito pelas profissionais que integram o projeto Costurando Sonhos. “O projeto começou quando usávamos retalhos para ensinar as mulheres. A partir da necessidade de confeccionar coletes, surgiu a ideia de produzir os uniformes. Capacitamos as costureiras e, em 2024, foram entregues 45 mil peças aos nossos estudantes”, explicou Francisca Moura, coordenadora do projeto.

Célia Cidral vive há quatro anos em Pontal do Paraná. Ao procurar informações no Provopar, recebeu o convite para integrar a iniciativa. “Eu não tinha máquina em casa e, hoje, consigo costurar com custo zero, usando os equipamentos disponibilizados pelo projeto. Graças a esse trabalho, consegui concluir a reforma da minha casa. É um projeto maravilhoso e que não pode acabar”, destacou a costureira.

Cada participante recebe, em média, 400 uniformes para confeccionar. O pagamento é feito por produção: ao final do lote, o valor é depositado. “Para formalizar o trabalho, todas as mulheres, que antes costuravam de forma autônoma, se tornaram MEIs. Elas recebem os lotes e são remuneradas de forma justa. Isso devolveu a cada uma delas a dignidade”, reforçou Francisca.

A iniciativa já gerou uma economia de quase 400 mil reais aos cofres públicos.
Os kits completos beneficiam diversas famílias, inclusive os filhos das próprias costureiras. Como cada peça é produzida de forma artesanal, a secretária municipal de Educação, Cintia Mendes, ressaltou o cuidado envolvido em cada detalhe: “Cada investimento em educação é um passo firme rumo a um futuro melhor. Estamos garantindo que nossas crianças tenham acesso aos materiais e ao vestuário escolar de maneira digna, ao mesmo tempo em que valorizamos a mão de obra local”, destacou a secretária.

JB Litoral/Fotos: Diogo Monteiro

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