quinta-feira, abril 25, 2024

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Agro poderá ter soja “carbono neutro” até 2030, revela pesquisa

A adoção de práticas sustentáveis no agronegócio poderá fazer com que a produção de soja no Brasil atinja o nível de “carbono neutro” até 2030, com redução máxima das emissões dos gases causadores do efeito estufa.

A conclusão é do estudo “Potencial de Mitigação de Gases de Efeito Estufa das Ações de Descarbonização da Produção de Soja até 2030”. O levantamento foi proposto pelo ex-ministro e titular da Academia Nacional de Agricultura da SNA, Roberto Rodrigues, ao Observatório de Bioeconomia da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

A partir de informações do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases do Efeito Estufa, a pesquisa indicou que o agronegócio contribui atualmente com 28% das emissões de gases. Já a cultura da soja é responsável pela liberação de nove milhões de toneladas de CO2 equivalente ao ano.

Diante desse quadro, o estudo reforça a necessidade de adoção de boas práticas agrícolas, como por exemplo o plantio direto e a Integração Lavoura-Floresta (ILF) – considerando ainda a variação onde se inclui a atividade pecuária , que contribuem para evitar o aumento das emissões.

“O sistema ILF é um grande sequestrador de carbono e vai contribuir definitivamente para que possamos chegar ao ‘carbono neutro’ na soja”, destacou Rodrigues, que lançou a técnica em 2005, período em que atuou como ministro da Agricultura.

Potencial de mitigação

Segundo os autores do estudo da FGV, coordenado pelo pesquisador Eduardo Assad, caso o ILF seja adotado em 20% da área cultivada no país até 2030, o potencial de mitigação proporcionado pelo sistema chegará a 899.8 milhões de toneladas de CO2 equivalente, ou dez vezes o balanço positivo das emissões da soja.

“Com o ILF, para cada 1 milhão de toneladas de CO2 equivalente emitidas pela soja, 10 milhões são mitigados”, ressaltaram os pesquisadores.

Para eles, a soja tem grande potencial tanto para se tornar ‘carbono neutro’ quanto para desempenhar a função de sumidouro de carbono, “fortalecendo sua participação em um futuro mercado de carbono em que o Brasil está inserido”.

Dessa forma, os autores do estudo afirmaram que a migração do cultivo tradicional da soja para o sistema ILF em 10% a 30% da área total ao ano – com a utilização do eucalipto -, junto à prática do plantio direto e ao uso da tecnologia de de fixação biológica de nitrogênio (FBN), bastante difundida em razão do uso de sementes inoculadas, poderão alavancar a sustentabilidade da produção.

Vantagens

O plantio direto de alta qualidade, acrescentou a pesquisa, tem potencial para remover 1.83 toneladas de CO2 equivalente para cada hectare plantado, enquanto que o plantio direto de baixa qualidade remove a metade (0,92 toneladas). Com relação à soja, essa atividade gera um saldo positivo de 90 milhões de toneladas de CO2 equivalente.

Com a adoção cada vez maior das práticas sustentáveis, os pesquisadores estimam que a área de soja irá crescer 27,2% até 2030 em relação a 2020, alcançando 47.3 milhões de hectares. Com os ganhos de produtividade, os autores do estudo da FGV indicaram que a colheita da soja deverá chegar a 176.4 milhões de toneladas até o fim da década, ou seja, 44,9% a mais que no início do período.

Fonte: Valor

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