sexta-feira, abril 19, 2024

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Por que os casos de sífilis continuam crescendo no Brasil?

O corpo humano é uma incrível caixa de surpresas – algumas boas, outras ruins. Quando algo não está certo com a nossa saúde, o organismo costuma enviar alguns alertas (sintomas), que embora pareçam simples, como coceira ou caroços na pele, podem indicar algo muito perigoso.

Uma doença tão silenciosa quanto perigosa se espalha pelo país, preocupando médicos e autoridades: estamos falando da sífilis. O crescimento da doença no Brasil é assustador e muito preocupante.

No ano de 2010 haviam sido registrados 1249 casos de sífilis adquirida. Em 2015, esse número saltou para 65.878, um aumento de mais de 5.000%, e chegou em 87.593 casos em 2016, segundo o Ministério da Saúde.

É possível considerar então que a sífilis é uma epidemia?

Antes de responder essa pergunta é preciso entender o que significa uma epidemia e o que a difere de uma endemia. A endemia é caracterizada por um número significativo de determinada doença que atinge uma população ou região específica.

Já a epidemia significa que uma doença, de caráter transitório, está atacando ou afetando um grande número de pessoas, atingindo diversas localidades. De acordo com o infectologista Celso Granato, casos de gripe, dengue, zika vírus e chikungunya são considerados uma epidemia pela sociedade médica.

Entretanto, embora o termo epidemia não seja muito utilizado para o aumento dos casos de sífilis, é possível sim afirmar que existe um surto da doença no mundo inteiro.

Como dito anteriormente, nos últimos anos houve um crescimento inesperado dos números de sífilis adquirida no país, porém o que mais preocupa os médicos é o aumento nos casos de sífilis congênita. Nela, a mãe infectada transmite a doença para o bebê, seja durante a gravidez, por meio da placenta ou mesmo na hora do parto.

Em 2016, foram notificados 20.474 casos de sífilis congênita – entre eles, 185 óbitos – no Brasil. A elevação da taxa de incidência de sífilis congênita e as taxas de detecção de sífilis em gestante por mil nascidos vivos aumentaram cerca de três vezes entre 2010 e 2016, veja o gráfico abaixo:

Foto: Divulgação/Ministério da Saúde
Foto: Divulgação/Ministério da Saúde

Segundo o infectologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo (BP) João Prats, a grande preocupação em torno da sífilis congênita é que pode acabar causando sérios problemas no feto, como surdez e deformidades. Além disso, a criança já nasce com a bactéria, podendo transmiti-la no futuro e, desta forma, a doença continua a se disseminar.

Por que houve esse aumento nos casos de sífilis nos últimos anos?

Existe uma série de fatores complexos – e sociais – que podem estar relacionados a esse aumento mundial, não apenas nos casos de sífilis, como de todas as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

O primeiro fator a ser abordado é o fato da nova geração ter parado de se preocupar tanto com essas doenças. “Essas pessoas não viram do que a AIDS foi capaz anos atrás, não viram famosos e amigos morrerem devido a doença. Além disso, já nasceram em uma época em que existia tratamento contra a AIDS, e por isso o sexo desprotegido se tornou mais frequente e contribuiu para contaminação de outras doenças”, diz Celso Granato.

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