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‘Essa bola está com o Congresso’, diz Paulo Guedes sobre a reforma da Previdência

O ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou nesta quarta-feira (27), em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, que a “bola” da reforma da Previdência “está com o Congresso”.

A declaração reitera o que disse no último dia 23, no Chile, o presidente Jair Bolsonaro. Na ocasião, presidente afirmou que, após a entrega da proposta do governo, a responsabilidade pela reforma passou a ser do Congresso. “A bola está com o Parlamento”, afirmou na ocasião.

Nesta terça-feira, Guedes desistiu do convite para participar de uma audiência na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. A ausência contrariou parte dos deputados, mas um acordo entre governistas e oposição evitou que ele fosse convocado – nessa hipótese, seria obrigado a comparecer.

O ministro disse na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado que a proposta de reforma da Previdência do governo busca assegurar uma economia de, ao menos, R$ 1 trilhão por ano – cifra que ele julga necessária para implementar um sistema de capitalização, no qual os trabalhadores contribuem para sua própria aposentadoria.

“Se fizermos [a reforma], não tem problemas. Se não fizermos, vamos condenar nossos filhos e netos, por nosso egoísmo, nossa incapacidade de fazer um sacrifício”, declarou. E acrescentou: “Essa bola está com o Congresso”.

Segundo Guedes, para se garantir a economia mínima de R$ 1 trilhão em 10 anos, será necessário haver compensação em caso de concessões para algum segmento da sociedade. “Se quiser que as mulheres se aposentem antes, pede para o pessoal rural, ou para o militar. Mas o Congresso tem essa capacidade [de ajustar o projeto]”, disse.

O ministro afirmou que existe uma “bomba demográfica” devido aos gastos previdenciários. Segundo Guedes, os gastos já são elevados para um país com população ainda jovem.

“A primeira e maior fonte de desequilíbrio [das contas públicas brasileiras] é do sistema previdenciário (…) O problema é muito serio. O sistema previdenciário está quebrando antes de a população envelhecer”, declarou ele.

Ele declarou ainda que a oposição deveria apoiar a reforma da Previdência, para assegurar a governabilidade nos próximos anos.

“Fique a oposição atacando a reforma da previdência um ano só e depois tente ser eleita [e governar]. Ao invés de tentar atacar frontalmente o problema”, disse ele.

‘Pacto federativo’

Além da reforma da Previdência, que ajudaria a liberar mais recursos para os estados para políticas públicas, o ministro da Economia voltou a defender o chamado “pacto federativo”, com uma distribuição maior de recursos para os entes da federação.

“Nos estados, os gastos com pessoal cresceram ainda mais do que os gastos gerais. E quando você mergulha nisso, os gastos com inativos cresceram mais ainda. Claramente, os estados e municípios estão sem capacidade de gestão e cercados por gastos que eles não controlam, com inativos”, declarou.

Segundo ele, o governo, em conjunto com o Legislativo, deveria avaliar a conveniência de iniciar as discussões sobre o pacto federativo para “não só salvar neste ano as finanças”, mas “redesenhar as finanças publicas no Brasil”.

O objetivo, disse, seria corrigir o “mal sistêmico” que vem do atual modelo econômico, que centraliza a arrecadação no governo federal.

“Tem de ser descentralizado. O Ceará é como se fosse a Itália. Minas Gerais é como se fosse a França. São Paulo, a Alemanha, e o Rio, a Espanha. São países [dentro do Brasil], o Brasil é de dimensões continentais. Já temos nossa moeda única há muito tempo”, afirmou.

Para destinar mais recursos para os estados e municípios, Guedes citou a possibilidade de mudar a forma de distribuição dos recursos arrecadados com o petróleo. “Vamos desentupir o problema da extração de petróleo neste ano”, declarou.

De acordo com o ministro, o potencial de arrecadação é de R$ 500 bilhões a R$ 1 trilhão nos próximos 10 a 15 anos. “Estamos pensando em inverter a distribuição de recursos. Hoje, quase 70% ficam com a União, não chega a 40% com estados e municípios. Queremos 70% com estados e municípios e 30%com a União”, declarou.

Para o ministro, a ideia é “corrigir hipertrofia [concentração de recursos e tamanho] do governo federal”.

BandaB

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