População carcerária LGBT tem que se submeter a regras rígidas que terminam por segregar prisioneiros gays
O agente penitenciário traz um saco transparente com algumas caixas e o coloca em cima da mesa. Em instantes, a sala do Centro de Detenção Provisória Pinheiros 2, na zona oeste de São Paulo, está repleta de pincéis e maquiagens
Grazy, Chica e Léia penteiam os cabelos, passam blush, batom, sombra e fazem os últimos retoques nos cílios. A entrevista para a BBC News Brasil é considerada por elas um “dia de princesa”. Uma das raras oportunidades em que elas podem passar maquiagem e ficar “montadas”.
Mas a realidade nos raios – conjuntos de celas – do CDP, na zona oeste de São Paulo, é bem diferente.
A dez grades da calçada da marginal Pinheiros, a população LGBT carcerária enfrenta incontáveis restrições. Um gay, por exemplo, não pode tomar água no mesmo copo do que um hétero ou usar o mesmo prato. Também não pode dividir o mesmo cigarro. Até mesmo encostar na vassoura usada para varrer o pátio do presídio é visto como um insulto pelos outros presos. As regras são rígidas e suas justificativas carregam preconceito e ignorância.
BandaB