sexta-feira, abril 19, 2024

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Homem ganha a vida fazendo crochê nas ruas de Curitiba: ‘meu trabalho é minha paixão’

João Marcos dos Santos ficou conhecido como ‘João Crocheteiro’ na capital paranaense, após ter história publicada em rede social.

Quando fechou a porta de casa em Minas Gerais para se lançar a uma vida nova, João Marcos dos Santos, 26 anos, buscava emprego e oportunidade. Chegou em Curitiba sem ter onde ficar e o que fazer. Na mala a coragem, agulhas, linhas e talento.

Ainda quando era garoto, João aprendeu em casa com os irmãos a fazer crochê. As agulhas furaram os dedos algumas vezes. Mas foi o preconceito que tentou machucar o coração dele. Mesmo assim não desistiu.

Dormindo debaixo de uma marquise nas ruas de Curitiba, “João Crocheteiro”, como ficou conhecido, tira da arte seu sustento. O artesão juntou as pontas soltas de uma vida de improvisos.

“Sem isso aqui eu não como, não bebo, não durmo. Isso aqui é meu trabalho é minha paixão”, disse.

As mãos rápidas e o trabalho do crocheteiro chamaram a atenção da funcionária pública Larissa Lourenço. Vendo uma boa história por trás do artesão, publicou uma foto do trabalho dele em uma rede social. “De repente aconteceu. Todo mundo atrás do João querendo ajudar”.

A foto de João trabalhando em um banco de calçada de Curitiba viralizou. João, que dormia embaixo de uma marquise nas ruas todos os dias, começou a receber ajuda de todos os cantos. Chegaram agulhas, linhas e até mesmo um corte de cabelo.

O crocheteiro começou a receber encomendas e o trabalho rendeu ainda mais. A decoradora Roseane Máximo procurou João para fazer um presente para Brad Pitt. Não o ator famoso de Hollywood, mas o astro da casa dela: um cachorrinho de estimação.

“Isso é maravilhoso né? que sirva de exemplo para os outros que estão sem trabalho, sem o que fazer né?”, disse a decoradora mostrando o modelo de crochê que gostaria.

Foto de João Crocheteiro viralizou nas redes sociais — Foto: Larissa Lourenço/Arquivo Pessoal

Foto de João Crocheteiro viralizou nas redes sociais — Foto: Larissa Lourenço/Arquivo Pessoal

O preconceito e a esperança

João Crocheteiro disse que já sofreu preconceito por fazer um trabalho que alguns consideram ser “coisa de mulher”. Ele enfrentou o estigma e seguiu em frente. “Para mim não tem nada a ver. É muito gratificante. Eu amo fazer isso aqui e vou fazer pro resto da minha vida”, contou.

Ao saber da história de João, voluntários se reuniram e conseguiram alugar um quarto para ele. Agora o crocheteiro não precisa mais dormir na rua. Ele disse que as contas de casa vai poder pagar com o trabalho que faz. As mãos que se estendem deixam o artesão emocionado.

“Pessoas assim que me fizeram acreditar cada dia mais que pelo meu trabalho eu posso seguir em frente. É através desse carinho que fico feliz”, disse antes de levar a mão aos olhos.

Agora o artesão cultiva a esperança. Quer empreender, ter um lugar para chamar de seu. E claro, seguir trabalhando sempre.

“A esperança é ter uma espaço pra mim, né? Ter um lugar para vender meu trabalho e poder construir minha casa. Um lugar para me cobrir, que não chova em cima de mim”, conclui.

João saiu de Minas Gerais para tentar vida nova em Curitiba — Foto: Reprodução/RPC

Fonte:G1PR

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