sábado, abril 20, 2024

InícioPolíticaDeputado que preside sessões da Câmara ganhou na loteria 12 vezes

Deputado que preside sessões da Câmara ganhou na loteria 12 vezes

Giacobo conduziu trabalhos na ausência de Waldir Maranhão.
Líderes pressionam para que Maranhão deixe presidência da Câmara.

Nesta quarta-feira (18), a sessão da Câmara foi comandada pelo deputado Giacobo (PR-PR), que deve permanecer na presidência da Casa nos próximos dias.

Há duas semanas, o Supremo Tribunal Federal (STF) afastou Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara, porque ele estaria atrapalhando as investigações da Operação Lava Jato. No lugar dele ficou, interinamente, o deputado Waldir Maranhão (PP-MA), que tem sido rejeitado por parlamentares, porque tentou anular o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Alguns partidos, como o DEM, querem novas eleições para a presidência da Câmara. Outros esperam que Giacobo, que é segundo vice-presidente da Casa, assuma os trabalhos.

Perfil
Giacobo é conhecido na Câmara por ter sido premiado 12 vezes na loteria em apenas um ano. Na época, ele não era deputado.

A assessoria do Partido da República (PR) afirmou que o parlamentar ganhou na loteria esportiva em 1997, jogando em bolões com amigos. “Ele recebeu R$ 123 mil da parte que lhe coube no prêmio, conforme consta da declaração do Imposto de Renda. Ele não foi premiado em outros concursos”, diz o texto.

Fernando Lúcio Giacobo nasceu em Pato Branco (PR) em 1970. Em 1988, tornou-se empresário do ramo de móveis e eletrodomésticos e, depois, do ramo automotivo.

Foi eleito deputado federal pela primeira vez em 2002, pelo PPS, e reeleito em 2006, pelo PL (hoje PR). Nas últimas eleições, em 2014, teve 144 mil votos.

Ações no STF
O deputado não responde a nenhum processo no momento. Em 2010, foi absolvido no STF, em ação sobre crime contra a administração pública. Segundo denúncia do Ministério Público Federal (MPF), uma empresa de Giacobo foi favorecida na licitação para exploração do terminal rodoviário da cidade de Pato Branco.

Giacobo chegou a responder a outros dois processos no STF, mas os crimes prescreveram. Num deles, foi acusado de sequestro e cárcere privado. O caso foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná, e teria ocorrido em julho de 2000.

O deputado teria comprado terras em Mato Grosso do Sul. Segundo a denúncia, ele pediu que o vendedor levasse os documentos da propriedade para a sua concessionária, em Cascavel. Giacobo teria então exigido que o corretor devolvesse a ele o valor referente à comissão pela venda das terras (R$ 250 mil). O vendedor disse que foi mantido, contra a vontade, até as 22h na concessionária.

Depois, de acordo com o MP, o vendedor foi levado para o município de Rio do Salto (MS) e mantido trancado em um quarto de uma casa até a noite seguinte. Giacobo negou o sequestro e disse que foi enganado pelo corretor de imóveis, que teria vendido uma propriedade em terras indígenas. O processo foi extinto pelo ministro Marco Aurélio Mello.

Em outra ação, o deputado foi acusado de montar um esquema de sonegação de impostos com base em empresas fantasmas que beneficiaria sua concessionária. Ele respondia por formação de quadrilha e falsidade ideológica, além de crime contra a ordem tributária. O esquema teria lesado os cofres públicos em R$ 331.348, entre outubro de 2000 e junho de 2001.

A denúncia foi feita pelo Ministério Público Federal no Paraná em 2002. Giacobo supostamente usava uma empresa de locação para comprar carros da fábrica sem impostos, o que era permitido por lei graças a uma medida provisória da época.

O problema é que, segundo o MP, a locadora era de fachada e, menos de duas semanas depois, repassava os carros à concessionária para serem revendidos. Por conta disso, o parlamentar chegou a ter os bens bloqueados. Giacobo afirmou que o caso não era de sonegação fiscal, mas de não recolhimento de PIS e Cofins sobre a transação na venda de veículos de uma de suas empresas. A ação foi extinta pela ministra Carmem Lúcia.

Nota do PR
O Partido da República (PR) emitiu nota em que afirma que Giacobo “cumpriu com seu dever constitucional” ao conduzir os trabalhos da Câmara dos Deputados, uma vez que é segundo vice-presidente da Casa.

“Entretanto, ele reitera sua indisposição para acordos, uma vez que a restituição da normalidade no Poder Legislativo depende do afastamento do deputado Waldir Maranhão do cargo de presidente da Câmara dos Deputados”, diz trecho da nota.

Sessão de quarta
A sessão da Câmara comandada por Giacobo aprovou duas medidas provisórias, já com André Moura (PSC-SE) como novo líder do governo do presidente em exercício Michel Temer.

Uma delas foi editada em fevereiro pela presidente afastada Dilma Rousseff e traz ações para combater o Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya. O texto autoriza o ingresso forçado em imóveis públicos ou privados para combater focos do mosquito.

Outra proposta aprovada foi a MP 706/15, que aumenta de 30 para 210 dias o prazo para distribuidoras de energia assinarem aditivo de contrato com o Ministério de Minas e Energia, para prorrogar a concessão do serviço.

Giacobo foi elogiado ao fim da sessão. “Em nome do bloco, PP, PTB, PCS, quero parabenizar Vossa Excelência. Depois do impeachment é a primeira vez, primeira sessão, que nós conseguimos deliberar”, declarou o deputado Simão Sessin (PP-RJ).

G1

ARTIGOS RELACIONADOS

MAIS POPULARES