quarta-feira, abril 24, 2024

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Advogados questionam abordagem da PM que acabou em morte de jornalista

Os advogados da família do jornalista Andrei Gustavo Orsini Francisquini, morto em um tiroteio com a Polícia Militar (PM) na madrugada deste domingo (12), no bairro Batel, rebateram a afirmação de que o homem estava armado. Para a defesa, é “estranho” a polícia ter visto o jornalista mexendo em uma arma, já que estava de noite e o carro tinha insulfilm.

Para o advogado Paulo Crispim, a primeira versão a ser descartada é a de que teria acontecido um confronto antes de Andrei, de 35 anos, ser morto na Praça da Espanha, em Curitiba. “Confronto é eu disparando um tiro e você retribuindo o tiro que lhe dei. Não há nenhum tiro por parte do Andrei, o Andrei não disparou nenhum tiro segundo informação trazida pela PM. A arma encontrada no colo dele depois de toda a aquela correria, bater em carro, frenagem e tiros, estava intacta”, afirmou.

De acordo com o advogado, Andrei detestava armas e seu problema era, na realidade, com bebida. “Isso a gente não pode deixar passar, como visto no carro, o problema era bebida e a carteira de habilitação dele. Se houve de fato o que foi apontado pela polícia, foi que ele tentou fugir de uma suposta blitz”, disse Crispim, ao relatar que o homem estava a 800 metros de casa. Por isso, para o advogado é “estranha” a versão de que a PM viu Andrei manuseando uma arma, já que além de supostamente detestar o objeto, o carro do jornalista tinha insulfilm e estava escuro. “Podemos verificar que o veículo tem insulfim, como que conseguiram avistar o Andrei manuseando uma arma se estava de noite, e tem insulfim? Por que tanto tiro assim em uma pessoa que sequer revidou?”, questionou.

Para Crispim, há um “certo erro” na abordagem da PM, sob o ponto de vista da família de Andrei e dos advogados. “Outro ponto é que a Polícia Civil só tomou conhecimento desse caso às cinco horas da tarde, a partir do momento que a mãe foi reclamar o corpo do filho, então isso é estranho. O carro está aqui [no 3º Distrito Policial], mas não sabemos se foi periciado. Há necessidade de perícia, colhimento das imagens de toda essa perseguição até o momento em que ele foi alvejado”, concluiu.

O pai do jornalista e diretor do jornal Tribuna do Vale, Benedito Crispim, conversou com a reportagem da Rede Massa e relatou que o filho tinha “alergia” de armas. “Meu filho odiava arma de fogo, nunca teve arma de fogo. Olha, sinceramente, se ele passou a usar é uma surpresa para mim. Essa versão da polícia inclusive é uma constância acontecer, todo o tipo de suposto enfrentamento aparece um revólver”, disse.

Uma pistola foi apreendida no carro da Andrei, e o caso segue sendo investigado pelo 3º DP.  

O caso

Em nota, a PM informou que a tentativa de abordagem aconteceu após a equipe ver o homem manuseando uma arma de fogo, dentro de um veículo Corsa, de cor branca, na Avenida Vicente Machado. O suspeito, porém, “não acatou a ordem de abordagem, e arrancou com o veículo de maneira brusca”. Desta forma, após uma perseguição policial, a equipe teria atirado no pneu do veículo dirigido por Andrei, que “continuou avançando contra os policiais” e, por fim, foi baleado na Praça da Espanha.

O Siate chegou a ser acionado, mas Andrei morreu no local.

Confira a nota da PM na íntegra:

Conforme registro em Boletim de Ocorrência, em patrulhamento pela Avenida Vicente Machado uma equipe policial viu um homem manuseando arma de fogo dentro de um veículo Corsa branco e tentou abordá-lo, mas o motorista não acatou a ordem de abordagem, e arrancou com o veículo de maneira brusca. A equipe policial iniciou, então, um acompanhamento tático. Na fuga o carro colidiu com um veículo Voyage e continuou fugindo.

Já na rua Fernando Simas o veículo parou, a equipe tentou nova abordagem, mas ele não acatou e engatou marcha à ré e quase atropelou os policiais. Ele também bateu em um veículo gol que estava estacionado. A equipe policial atirou no pneu do carro na tentativa de pará-lo, mas ele continuou avançando contra os policiais, que atiraram novamente. A equipe, então, se aproximou e verificou que o homem estava ferido. O Siate foi acionado para socorrê-lo, mas quando chegou constatou o óbito.

Ainda, conforme consta em Boletim de Ocorrência o homem estava com uma pistola calibre 9mm no colo. A equipe policial acionou a perícia, que recolheu a arma. O veículo corsa foi apreendido pela equipe policial para os procedimentos.

Consultado no sistema, verificou-se que o veículo já havia fugido de uma abordagem policial em 30/03/19, após o condutor ter sido visto efetuando disparos de arma de fogo em via pública. Também consta no sistema um encaminhamento deste mesmo homem, em 2015, na cidade de Jacarezinho (PR) por conduzir veículo com CNH cassada, quando também fugiu da polícia.

Para toda ocorrência deste tipo, envolvendo policial militar e equipamentos da corporação, é aberto um procedimento para apurar as circunstâncias.

Colaboração Lucas Rocha/Rede Massa



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