É #FAKE que o termo ‘Black Friday’ surgiu em alusão a liquidação de escravos

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Primeiro uso do termo nos EUA foi registrado seis anos após a abolição no país, em colapso do mercado de ouro na Bolsa de Nova York.

Com a proximidade da Black Friday, um boato antigo voltou a ganhar força nas redes sociais: a de que a tradição seguinte ao feriado de Ação de Graças foi criada em 1904, em referência ao dia em que senhores vendiam seus escravos em liquidação. Por isso, a mensagem sugere um boicote às promoções. A história, porém, é #FAKE.

 — Foto:  G1

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O primeiro registro do uso do termo nos EUA data de 24 de setembro de 1869, seis anos depois da abolição da escravidão no país. Não há, portanto, nenhuma evidência que sustente a ideia de que a tradição deriva do tráfico de escravos.

Nesta data, dois especuladores, Jay Gould e James Fisk, usaram informações privilegiadas para tomar o mercado de ouro na Bolsa de Nova York. Para reverter a situação, o governo aumentou a oferta de ouro no mercado, fazendo os preços caírem vertiginosamente. Investidores perderam muito dinheiro e o dia do colapso ficou conhecido como Black Friday.

Apesar de estar caindo em desuso, o termo “negro” já foi muito popular para designar crises econômicas, tragédias e desastres em geral. Um massacre de civis no Irã, em 8 de setembro de 1978, também ficou conhecido como uma “Black Friday”. Mas outra origem para o nome do movimento comercial data de 1951 e é uma ironia de patrões para as várias ausências de empregados na sexta-feira seguinte ao feriado.

De acordo com o neurocientista Bonnie Taylor-Blake, da Universidade da Carolina do Norte, a Factory Management and Maintenance, uma newsletter do mercado de trabalho, reivindica a autoria do termo.

“A síndrome da sexta-feira após o Dia de Ação de Graças é uma doença cujos efeitos adversos só são superados pelos da peste bubônica. Pelo menos é assim que se sentem aqueles que têm de trabalhar quando chega a Black Friday. A loja ou estabelecimento pode ficar meio vazio e todo ausente estava doente”, zombava o texto.

Dez anos depois, na Filadélfia, o termo se popularizou entre policiais, que reclamavam do trânsito e do alto fluxo de motoristas e pedestres nas ruas para fazer compras, o que tradicionalmente ocorria na sexta e no sábado seguintes ao feriado de Ação de Graças.

Segundo um jornal local da época, por não gostarem da associação com tráfego e poluição, os lojistas tentaram mudar o termo para”Big Friday”. Em seguida, conseguiram dar conotação positiva ao termo ao dizer que ele se referia ao momento em que as contas do comércio saíam do vermelho e voltavam “ao preto”. Um dos maiores sites de checagem dos EUA, o Snopes , também aponta essas origens.

Foi somente em 1990, porém, que o termo ganhou repercussão nacional e a data foi adotada pelo comércio como se conhece hoje. É o que relata o linguista Benjamin Zimmer, editor-executivo do site Vocabulary.com, à BBC.

No Brasil, a Black Friday ocorre desde 2010. A primeira versão, exclusivamente online, deu lugar a descontos em setores generalizados, até mesmo em instituições financeiras , que oferecem neste ano descontos em investimentos e renegociação de dívidas.

G1

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