Ecoturismo em Morretes: aventura no Parque Estadual do Pico Marumbi

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Não dá pra negar que uma das regiões mais lindas e incríveis do Paraná está no litoral. Por isso, cada vez que vou para lá, fico ainda mais encantada. Quem vai participar dos Jogos de Aventura e Natureza não pode perder as muitas aventuras que essa região reserva.

Uma das experiências mais incríveis que já vivi, turistando pelo Paraná, foi na cidade de Morretes. A cidade é repleta de opções para todos os tipos de turistas. E para quem curte ecoturismo, certamente se sentirá em um paraíso, como eu me senti.

Os turistas menos aventureiros, mas que querem ter contato com a natureza, podem aproveitar para se banhar em um dos rios de águas cristalinas da região ou ao menos contemplar. O Rio Nhundiaquara é um deles, que inclusive passa bem no centro da cidade. Já os mais aventureiros podem se lançar nos rios e praticar Rafting, Boia Cross ou Canoagem. Além disso, há a possibilidade de visitar cachoeiras ou fazer trilhas pelo Parque Estadual do Pico Marumbi.

Ainda não tive a oportunidade de fazer todas essas aventuras por lá, mas vou compartilhar com você uma das experiências mais marcantes que tive na cidade, com minha família, e que me fez ficar ainda mais apaixonada pela prática do Montanhismo.

Nós encaramos o desafio de fazer uma aventura do Parque Estadual do Pico Marumbi, que compreende três municípios: Morretes, Quatro Barras e Piraquara. O local é cercado por belezas naturais, que compõem a maior unidade de conservação do Estado aberta ao público, considerada Patrimônio da Humanidade e Reserva da Biosfera pela Unesco, devido à preservação da Mata Atlântica.

Um dos atrativos do Parque é o Conjunto Marumbi, que é composto por nove cumes. O mais alto é o Monte Olimpo, com seus 1539 metros de altura.

Nós tivemos a alegria de fazer uma das trilhas do Conjunto Marumbi, claro que, como estávamos com uma criança de quase 7 anos, subimos o cume mais baixo do conjunto: o Morro Rochedinho, que tem 625 metros de altura.

Para fazer essa aventura, contratamos uma empresa de Morretes, que opera atividades de ecoturismo e aventura na região. Portanto, estávamos acompanhados por um guia que conhecia o trajeto que iríamos percorrer. Apesar de não ser obrigatório fazer as trilhas do Parque com guia, prefiro contratar um, pois sempre sinto que, dessa maneira, eu e minha família estamos mais seguros.

Em nosso passeio, partimos do centro de Morretes com carro da empresa e fomos até o posto do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) Prainhas, onde se inicia o Caminho do Itupava. Nossa caminhada começou neste ponto. Do Posto do IAP até o cume do Morro Rochedinho, foram seis quilômetros de caminhada sempre em um trajeto íngreme.

Início da caminhada no Caminho do Itupava. — Foto: Keila Kubo

Início da caminhada no Caminho do Itupava. — Foto: Keila Kubo

Antes de chegar até o cume, primeiro caminhamos por um trecho do Caminho do Itupava, que é um dos mais antigos do Paraná. Esse caminho ligava Morretes a Curitiba e foi aberto pelos índios que habitavam a região antes do descobrimento do Brasil. Em 1625, o caminho foi calçado com pedras para facilitar o percurso. De acordo com um dos guias da empresa que nos atendeu, todas as pedras que ainda estão lá são originais.

Eu me senti emocionada por andar nessas pedras históricas. — Foto: Marcio Kubo

Eu me senti emocionada por andar nessas pedras históricas. — Foto: Marcio Kubo

Depois de andarmos ao menos em um trecho do Caminho do Itupava, seguimos em direção à Estação do Marumbi, onde há outro posto do IAP, que é a base do Conjunto Marumbi. Para chegar até lá, passamos por uma mina d’água, onde aproveitamos para reabastecer nossas garrafas, e também pela Estação Engenheiro Lange, onde foi preciso esperar um trem cargueiro passar para, então, podermos atravessar o trilho.

Cruzamos o trilho que faz parte do trajeto do famoso passeio de trem de Morretes. — Foto: Marcio Kubo

Cruzamos o trilho que faz parte do trajeto do famoso passeio de trem de Morretes. — Foto: Marcio Kubo

Nesta estação, havia diversos veículos com tração 4×4 estacionados. Portanto, é possível subir com este tipo de carro até esse ponto e iniciar a caminhada apenas ali. Como nós queríamos andar o máximo possível, ficamos satisfeitos em iniciar no Posto do IAP Prainhas. Mas, para aqueles que não estão a fim de caminhar tanto, ir de carro até lá é uma boa opção.

Depois de passar pela Estação Engenheiro Lange, ainda andamos mais um quilômetro até a Estação do Marumbi, onde fizemos um cadastro no posto do IAP, antes de iniciar a trilha. Essa é uma exigência para todos que percorrem trilhas no Conjunto Marumbi. Por lá, há banheiros e também um espaço apropriado para os aventureiros que queiram acampar.

A Estação Ferroviária Marumbi fica na base do Conjunto Marumbi. — Foto: Marcio Kubo

A Estação Ferroviária Marumbi fica na base do Conjunto Marumbi. — Foto: Marcio Kubo

Após o cadastro e uma paradinha para descanso, continuamos a caminhada. A trilha até o cume do Morro Rochedinho, a partir da Estação Marumbi, tem aproximadamente um quilômetro de extensão. Nesta parte, o trajeto é em solo natural e, consequentemente, mais difícil, se comparado ao caminho feito até a Estação Marumbi, que era quase todo com calçamento.

Parte da trilha que dá acesso ao Morro Rochedinho. — Foto: Marcio Kubo

Parte da trilha que dá acesso ao Morro Rochedinho. — Foto: Marcio Kubo

Foi ali que a diversão realmente começou para meu filho, que adora um desafio em meio à natureza. E eu senti muita satisfação por estar fazendo uma das trilhas do Conjunto Marumbi. Não imaginava que poderia fazer isso tão cedo, já que achava que todas as trilhas do Conjunto tivessem um alto grau de dificuldade. Então, poder subir um dos cumes, mesmo sendo o menor e o mais fácil entre os nove do conjunto, já me fez ficar animada.

Mesmo animada, senti dificuldades na parte final do trajeto, onde precisei superar as minhas limitações. Confesso que tenho medo de altura e não imaginava que precisaria andar por um trecho tão próximo ao desfiladeiro. Mas, com muita calma, fui me deslocando devagar e consegui chegar até o cume.

Para mim, a parte mais difícil da trilha foi caminhar próximo ao desfiladeiro. — Foto: Marcio Kubo

Para mim, a parte mais difícil da trilha foi caminhar próximo ao desfiladeiro. — Foto: Marcio Kubo

Uma vez no cume do Morro Rochedinho, depois de descansar um pouco, o medo de altura foi dando lugar a enorme alegria de poder contemplar com meus próprios olhos uma paisagem tão surpreendente. Estava na maravilhosa Serra do Mar Paranaense, podendo ver uma imensidão de verde, de água, de montanhas e de picos. Além disso, ainda podia ouvir e ver o trem pequenininho passando lá embaixo. Certamente, foi uma das paisagens mais lindas que tive o privilégio de observar pelo Paraná.

Área de camping na Base do Conjunto Marumbi vista do alto do Morro Rochedinho. — Foto: Marcio Kubo

Área de camping na Base do Conjunto Marumbi vista do alto do Morro Rochedinho. — Foto: Marcio Kubo

E o meu filho nessa história toda? Estava com um olhar surpreso e curioso ao ver aquele cenário encantador. O menino não demonstrou medo em momento algum e adorou os desafios para chegar até o cume do Morro Rochedinho.

Um dos ângulos da maravilhosa paisagem que contemplamos no Morro Rochedinho. — Foto: Marcio Kubo

Um dos ângulos da maravilhosa paisagem que contemplamos no Morro Rochedinho. — Foto: Marcio Kubo

No cume do Morro não há muito espaço, mas foi possível nos sentarmos para fazer um lanche leve, afinal ainda teríamos que descer todo o trajeto de volta e precisaríamos repor as energias.

Só de olhar essa imagem, dá para imaginar a dificuldade para chegar aos outros cumes do Conjunto Marumbi. — Foto: Marcio Kubo

Só de olhar essa imagem, dá para imaginar a dificuldade para chegar aos outros cumes do Conjunto Marumbi. — Foto: Marcio Kubo

Retornar, certamente, foi muito mais fácil do que chegar ao cume. Caminhamos mais seis quilômetros de volta ao posto do IAP Prainhas. No total, percorremos doze quilômetros e terminamos o passeio em cinco horas, contando o tempo entre as caminhadas, descanso, lanche e contemplação.

Estávamos todos esgotados fisicamente, mas com uma sensação de realização, por termos superado todas as nossas expectativas e limitações. Considero que não foi uma aventura fácil, entretanto durante todo o trajeto me senti imensamente agradecida por estar andando pela Serra do Mar, que tem um visual e uma energia espetacular, sem contar a importância histórica dos lugares por onde passamos.

Já havíamos feito o passeio de trem de Morretes, que foi classificado pelo jornal americano The Wall Street Journal como uma das viagens ferroviárias mais bonitas do mundo. Eu me lembro que, ao passar pela Estação Marumbi e ver os aventureiros por ali, prometi para mim mesma que um dia andaria por aquelas trilhas. A sensação que tive era a de estar realizando um sonho. E realmente estava!

Para todos os lados em que eu olhava a paisagem era encantadora. — Foto: Marcio Kubo

Para todos os lados em que eu olhava a paisagem era encantadora. — Foto: Marcio Kubo

Se você quiser fazer uma trilha no Parque Estadual do Pico Marumbi, se informe sobre a dificuldade de cada uma delas e leve em consideração as suas limitações. Se você é um aventureiro inexperiente, recomendo que não encare uma aventura desse tipo sem o acompanhamento de alguém que conheça o local.

Lembre-se de usar roupas e sapatos adequados para este tipo de atividade, também de levar água, um lanche básico para repor as energias, protetor solar e repelente contra insetos. Outro detalhe importante: não deixe seu lixo jogado pelo caminho, seja consciente e o leve de volta com você.

G1PR

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