Oposição à Faixa de Infraestrutura pode ter interesses comerciais, diz Ratinho

0
505
Governador Carlos Massa Ratinho Júnior, durante coletiva de imprensa no Palácio Iguaçu. - Curitiba, 02/01/2019 - Foto: Jaelson Lucas/ANPr

O governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) questionou os interesses dos ambientalistas que têm apresentado objeções ao projeto da Faixa de Infraestrutura, no litoral do estado. As declarações foram dadas na quarta-feira (10), em Madrid, na Espanha, em entrevista à agência EFE. Ratinho está na Europa em missão oficial para atrair investimentos para o estado.

“O que existe que nós temos que tomar cuidado é um jogo comercial.  Quem opera um porto não quer que o outro saia e, às vezes, as questões ambientais são colocadas por lobby. É muito dinheiro envolvido. Você acha que Santa Catarina tem interesse que saia mais um porto de container, do lado deles, com o melhor calado da América do Sul? Não estou acusando, estou refletindo. Será que o Porto de Paranaguá, que tem um investidor chinês, quer que saia um porto a 3 km? Então, às vezes, usam a questão ambiental como álibi”, afirmou o governador

A proposta defendida pelo governo para Pontal do Paraná prevê a construção de 24 quilômetros de rodovia de pista dupla, um canal de drenagem, uma linha de transmissão de energia elétrica, um gasoduto e um ramal ferroviário. Essa estrutura dará acesso a um porto privado que será construído em Pontal.

Na visão do governador, a região precisa de investimentos para superar o atual estágio de pobreza.

“A região de Pontal tem um dos menores IDHs do estado e tem vocação para porto. É o melhor calado natural da América do Sul, são 20 metros de calado. Isso recebe os grandes navios. Claro que tudo será feito com muita responsabilidade ambiental, que é uma praxe do nosso governo”, afirmou.

A instituição ambientalista que tem capitaneado a oposição à construção da Faixa é o Observatório de Justiça e Conservação (OJC), responsável pela campanha Salve a Ilha do Mel. Para Giem Guimarães, diretor-executivo do Observatório, as declarações do governador estão alinhadas com as estratégias do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) na área do meio ambiente.

“O ministro Ricardo Salles colocou a culpa do derramamento de óleo no litoral brasileiro no Greenpeace. É isso o que o governador Ratinho está fazendo no caso do porto. É um subterfúgio de baixíssimo nível, uma negação da realidade”, afirmou Guimarães, que ainda repeliu as insinuações de que o movimento ambientalista estaria agindo em favor de outras empresas.

“Essa é uma tentativa vil de manipular a opinião pública. A nossa contabilidade está aberta. Fizemos esse trabalho com financiamento coletivo e com trabalho pro bono de muita gente que se conscientizou com a causa”, relatou.

Guimarães ainda apontou incoerências na tese do governador. Segundo ele, os chineses que investem no Porto de Paranaguá teriam condições – se tivessem interesse – de comprar todo o empreendimento de Pontal e os imóveis relacionados a ele, sem precisar, para isso, de lobby do movimento ambientalista.”

Fabio Campana

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.