sábado, abril 20, 2024

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Atletas e professores de artes marciais clamam por reconhecimento social

A audiência pública realizada nesta quinta-feira (28) à tarde na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) traçou um retrato vívido das artes marciais no Paraná: em inúmeros depoimentos e testemunhos, professores, atletas e dirigentes falaram de seus sonhos e frustrações, anseios e necessidades.

Grande parte do debate – realizado por iniciativa do deputado Alexandre Amaro (PRB) – se concentrou nos mecanismos de patrocínio esportivo, na necessidade de ampliação das políticas públicas de apoio às lutas marciais e nas ferramentas de acesso à lei estadual de incentivo ao esporte, cujo edital deste ano prevê a liberação de R$ 8 milhões em recursos para o setor como um tudo, conforme explicou o superintendente da Paraná Turismo, Hélio Wirbiski.

Mas outras intervenções chamaram atenção para um meio esportivo profissional que sofre com o preconceito e busca algum tipo de reconhecimento a seu papel social. “Os esportes não-olímpicos merecem ser vistos com um olhar mais atencioso”, afirmou o professor Edinei Pedroso, da Federação Paranaense de Muay Thai e líder da equipe World Strong.

Roney Cesar de Oliveira, da Associação de Funcionários do TRE, disse que as artes marciais amargam preconceito social e enfrentam obstáculos para obter maior visibilidade. Segundo o presidente da Federação Paranaense de Jiu Jitsu, Marcos Antonio de Oliveira, “quando o cara deslancha na carreira, geralmente vem de classes mais altas”. Oliveira disse que o Jiu Jitsu é reconhecido em outros países “de uma forma que não ocorre no Brasil”, onde a modalidade foi criada, no início do século XX.

Talentos – Alexandre Caldas, o He-man, presidente da Federação Paranaense de Lutas, contou que Curitiba se consolidou como celeiro de talentos nas artes marciais e polo nacional de eventos do setor. Já o professor Roberto Picinini disse que a capital paranaense tem hoje a maior concentração de mestres de artes marciais e esporte de contato no País – um dos veteranos entre eles, o grão-mestre Kang, sul-coreano radicado em Curitiba, disse em seu português vacilante que deu aulas de hapkido ao ministro da Justiça, Sérgio Moro.

Por isso, Picinini reivindica que o Governo abra as portas das escolas da rede estadual aos professores de lutas. “Temos que entrar nas escolas. Isso é o essencial”, salientou Picinini. Logo depois que disse estas palavras, o deputado Amaro leu uma carta que ele e seu colega na Comissão de Esportes da Assembleia, deputado Subtenente Everton (PSL), vão enviar ao governador Carlos Massa Ratinho Júnior em que pedem a contratação, o mais breve possível, de professores de artes marciais nas escolas estaduais.

Antes disso, o mestre Fábio Noguchi, presidente da Federação Paranaense de MMA, havia reivindicado a regulamentação da profissão de professor de artes marciais. “Nós agregamos valor à sociedade. Acredito que temos um papel importante na vida de muitos jovens, crianças e adolescentes que, de outra forma, seriam atraídos pelo tráfico e o crime”, disse Noguchi. “O mínimo que podemos esperar é que nossa profissão esteja lá no rol do Imposto de Renda, legalmente reconhecida”, ele acrescentou.

Documento – Mais de cem pessoas lotaram o pequeno plenário da Assembleia para participar da audiência pública – a grande maioria delas alunos, atletas, professores, dirigentes e profissionais ligados às artes marciais. O clima frio e chuvoso não afugentou representantes que vieram de vários municípios da Região Metropolitana e até do litoral, além de Curitiba. “Não poderíamos querer um evento mais inclusivo de todas as categorias e segmentos”, disse o deputado Subtenente Everton. “Todos vocês vivem aqui o sonho de atletas que um dia poderão representar o Paraná e o País”, ele afirmou.

Ao final da audiência, o deputado Alexandre Amaro informou que as propostas, sugestões e ideias expostas no debate serão alinhadas e sistematizadas num documento que deverá lançar as bases de um novo momento para as artes marciais no Paraná. “Isso aqui é só o pontapé inicial”, disse ele. “Temos muito trabalho pela frente, mas o esforço articulado de vocês, com o apoio da Assembleia e do Governo estadual vai estimular o fortalecimento do esporte”, afirmou Amaro.

“Tá vendo esse bando de jornalistas? Foi retirado de dentro de um bar agora a pouco no Largo da Ordem e levou uma geral cinematográfica da polícia militar. O pior é ouvir frases de policiais como: ‘Se vocês estivessem em casa não estariam passando por isso’”, contou Rattmann, em texto na sua página no Facebook. O grupo estava reunido com a jornalista Nana Martis, do Rio do Janeiro, que é produtora do Festival de Teatro de Curitiba. “Viemos encontrar a Nana Martins, amiga que veio do Rio para trabalhar Festival de Teatro”, contou Rattmann. 

“Quer mais uma frase de um policial? ‘Odeio jornalistas’. Pessoal, falta inteligência pra polícia. Meia hora de um policial a paisana identificaria facilmente o perfil de quem está confraternizando e de quem está traficando na regiao, muito fácil. Um absurdo sem limites o que vivenciamos. Não podíamos falar, argumentar, logo mandavam ficar quieto com as mãos pra cima. Constrangedor”, criticou o jornalista.

Rattmann reclamou da falta de preparo dos policiais. “Não foi uma geral qualquer, foi mão no saco, mão dos peitos das meninas, grosserias das grandes. Quando olhei por mais de dois segundos a policial com as mãos no peito de uma amiga, os policiais me ameaçaram. Diziam que eu estava desrespeitando o trabalho deles. Infelizmente minha constatação é a falta de preparo de quem comandou essa operação”, disse. “Estávamos entre amigos, pais e mães de família e passamos por um momento como esse. Triste. Lamentável. Foi um absurdo sem tamanho. Fomos tratados como bandidos. Espero que o comando da Polícia Militar reveja esse tipo de abordagem e invista mais em inteligência policial e não em truculência policial!”, afirmou.

A esposa de Rattmann, a jornalista Simone Bello também estava presente no incidente e fez seu relato. “Em fevereiro de 2017 fui assaltada em frente de casa com uma arma apontada pra mim..uma sensação absurda de impotência! Ontem vi novamente uma arma apontada pra mim e dessa vez não era por um ‘bandido’ era pela polícia militar do PR. Uma sensação muito pior do que 2017. Porque o bandido veio pra me roubar, era fato…os policiais que eu deveria me sentir protegida não tinham motivo algum pra nos apontar uma arma e muito menos serem violento conosco. Afinal, estávamos em um estabelecimento privado com alguns amigos”, contou ela, em sua página no Facebook.

Simone conta que já trabalhou no setor de comunicação da Polícia Militar. “Já fiz estágio na assessoria de imprensa da PM, tenho o maior respeito pelo trabalho deles e não sou contra as operações policiais, sou contra pela forma como aconteceu, pela violência como eles agiram… e saibam não adiantava você tentar conversar, você corria o risco de levar um tiro ou ser presa por desacato a autoridade (fato que ameaçaram várias vezes). E a policial feminina então.. Meuuu Deus dona de um despreparo total… Ficamos 20 minutos no frio com as mãos na cabeça porque fomos obrigados a sair do local pelos policiais para uma ‘revista’ policial e ali fomos tratados igual bandidos. Triste realidade que vivemos ontem, peço a Deus nunca mais ver uma arma apontada pra mim, só quem viveu isso sabe do trauma. Espero que nossos filhos nunca passem por isso e que Deus nos proteja sempre (porque pra mim ele é o único que pode nos proteger de um mundo tão doente e violento que estamos vivendo)”, desabafou.

O Bem Paraná entrou em contato com a assessoria de imprensa da Polícia Militar para publicar a versão dos policiais. Até o momento, a PM não se manifestou sobre o incidente.

Bem Paraná

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