domingo, setembro 14, 2025

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STF condena Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por trama golpista

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou nesta quinta-feira (11) o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a uma pena de 27 anos e 3 meses de prisão, além de multa e indenizações, no julgamento da ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado e os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.

Como foi a decisão

O relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, propôs a dosimetria da pena, que foi seguida pela maioria. Do total, 24 anos e 9 meses correspondem à reclusão, e 2 anos e 6 meses à detenção, além de 124 dias-multa no valor de dois salários mínimos cada. A quantia foi sugerida pelo ministro Flávio Dino e aceita pelo relator, após destacar que Bolsonaro declarou ter recebido mais de R$ 40 milhões em doações via Pix.

O ministro Luiz Fux divergiu e votou pela absolvição, mas se absteve de indicar uma pena alternativa, justificando “coerência”.

A Primeira Turma também fixou indenização solidária de R$ 30 milhões, a ser paga pelos condenados, para reparar danos materiais e morais decorrentes da invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília.

Os argumentos

Moraes afirmou que Bolsonaro exerceu papel central na indução da população contra o sistema eleitoral. “Espera-se que aquele que foi eleito democraticamente para o cargo mais alto da República paute-se com mais rigor. Infelizmente não foi o que aconteceu”, disse. Para o ministro, o ex-presidente contribuiu para a criação de uma organização criminosa que tentou corroer a democracia.

A ministra Cármen Lúcia reforçou que houve “prova cabal” de que o grupo liderado por Bolsonaro articulou um plano sistemático de ataque às instituições. Já o ministro Cristiano Zanin ressaltou que a responsabilização penal é essencial para a pacificação nacional e para consolidar o Estado democrático de Direito.

Penas dos aliados

Outros integrantes do chamado “núcleo crucial” também foram condenados:

  • General Braga Netto: 26 anos de prisão (24 de reclusão e 2 de detenção);
  • Anderson Torres (ex-ministro da Justiça): 24 anos;
  • Almir Garnier (ex-comandante da Marinha): 24 anos;
  • General Augusto Heleno (ex-ministro do GSI): 21 anos;
  • General Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa): 19 anos;
  • Deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ): 16 anos;
  • Mauro Cid (ex-ajudante de ordens): 2 anos, com benefícios de delação premiada.

Reação da defesa

A defesa de Bolsonaro classificou a condenação como “excessiva” e anunciou que irá recorrer. O ex-presidente, que tem 70 anos, teve a idade considerada como atenuante parcial na dosimetria da pena.

Contexto histórico

Moraes destacou que este é o primeiro julgamento, na história republicana, em que mandantes de uma tentativa de golpe de Estado são responsabilizados pela mais alta Corte do país. “A questão é da necessidade da prevenção para evitar que isso volte a ocorrer”, afirmou.

A decisão representa um marco na jurisprudência do Supremo e pode redefinir o futuro político de Bolsonaro e de parte de sua cúpula militar e civil, agora oficialmente condenada pela trama golpista.

Redação

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