Com sua arte, Muralista dá nova vida pra Pinhais e chama atenção do Brasil inteiro

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Grafites - ou paineis - do artista Marcelo Diamant. Os muros de um empresa na Avenida Marigna, em Pinhais, foram preenchidos com os desenhos de Marcelo. O grafiteiro, que também é tatuador, foca em temas de acesso do grande público como a questão da fauna, flora, indígena. Destaque para o desenho de Airton Senna. Fotos: André Rodrigues

Um caos. Assim qualquer pessoa poderia definir um pequeno trecho da Avenida Maringá, em Pinhais, na Região metropolitana de Curitiba, até o mês passado. Obras, barulho, trânsito e uma rua cinzenta. No entanto, uma “simples” modificação no ambiente deixou uma das ruas mais movimentadas com a pureza de uma criança e a sensação que uma boa atitude pode influenciar o dia a dia de uma comunidade.

Um muro de 144 metros de extensão e quase 3 metros de altura se transformou em três meses em um painel a céu aberto com pinturas que retratam os povos indígenas, fauna e flora do Paraná. O artista é Marcelo Diamant, paulista de nascimento, mas que já se considerada um “piazão” por morar por aqui há mais de 15 anos. Morador do Bairro Alto, Marcelo sempre passava pelo município vizinho e sonhava em trabalhar na rua. Até que um dia surgiu o convite de uma empresa que fez a proposta para ele pintar o muro.

Aceitou de primeira e deixou de lado a tatuagem, serviço que rendia um dinheiro para ajudar no sustento da mulher e dos três filhos. “No Brasil, é difícil viver de arte e para sustentar minha família fui para a tatuagem. Adoro o trabalho, mas fiquei com stress, pois ficava preso o dia inteiro no estúdio. Aí apareceu esta oportunidade aqui em Pinhais e está sendo maravilhoso por tudo. O reconhecimento das pessoas é fantástico”, relatou Diamant.

De agosto a outubro, Marcelo foi ao muro todos os dias e, com o passar da obra, as pessoas perceberam que ali também era um incentivo para dar um tempo na correria diária e que o local estava sendo alterado radicalmente. “Mudou o nosso ambiente e aprecio todas as imagens. Faço caminhada por aqui e o trabalho do Marcelo é mil”, disse o aposentado Lisaldo de Castro, frequentador assíduo da avenida.

Marcelo usou diversas técnicas de pinturas, com uso de pinceis e pistola. Esmalte sintético e tintas à base de solvente foram utilizadas. Além disto, o trabalho é definido como de um muralista, ou seja, nada de grafitagem. O muralismo é executado na parede e difere de outras formas de arte por estar vinculada à arquitetura.

Ayrton Senna e celebridade

Ao terminar a obra do muro, Marcelo recebeu outro convite que o deixou super animado. Poucos metros dali, uma praça chamada Ayrton Senna precisava de uma repaginada. A Prefeitura de Pinhais deu esta missão ao artista e o ídolo eterno do automobilismo nacional ficou gravado em um dos muros. “Sem dúvida é um dos meus preferidos. A história dele e pelo homem que foi merece a homenagem”, explicou o artista.

Após terminar os muros, a vida de Marcelo foi alterada 100%. A mulher já é responsável pela agenda e prefeituras do Brasil inteiro já demonstram interesse em contratá-lo. “Não consigo ver todas as mensagens no meu celular. Muita gente gostou do trabalho e agora tenho esta responsabilidade que tanto sonhei. Quero continuar pintando para que as pessoas tenham um diálogo com o muro. Neste caso de Pinhais, o recado foi dado. Temos animais em extinção como o tucano de bico verde e o mico leão da cara preta. O meio ambiente vai ser grato”, desabafou Diamant.

Além de poder ajudar a família, Marcelo não cansa de receber elogios da comunidade. No dia em que a reportagem esteve no local, buzinas, apertos de mão e abraços com o artista eram vistos a todo o momento. “Eu acho lindo e agora tenho o prazer de conhecê-lo. Parabéns demais pelo trabalho. Você consegue alegrar a vida de muita gente”, elogiou Leda Maria, de 41 anos.

Uma Curitiba diferente

Marcelo finalizou um painel no Mateus Leme Offices, no Centro Cívico, e sonha transformar também Curitiba com sua arte. Fotos: André Rodrigues

Marcelo Diamant sonha em deixar a capital paranaense ainda mais bonita. Ele já tem a obra de Charles Chaplin próxima ao Jardim Botânico e finalizou nesta semana, em um centro comercial no Centro Cívico, um painel com os pontos turísticos de Curitiba. “Tenho este ideal de fazer com que a gente fale com a rua pelas pinturas. Queria retratar Curitiba das décadas de 30 e 40 para que as pessoas tenham ideia de como era a cidade no passado. Quero trazer esta essência com as brincadeiras antigas como bolinha de gude, pião, carrinho de rolimã e muito mais”, confessou Marcelo.

TribunaPR



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